quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Médico japonês faz relato sobre o surto de Ebola na África




Por Uehara Yuu
Fonte:NHK World Press All Rights Reserved

O surto de Ebola na região oeste da África, que já atinge a Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria, teve início com uma infecção que foi confirmada em fevereiro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, até 6 de agosto, 961 pessoas haviam morrido em razão da enfermidade.

É a primeira vez que se confirmam infecções de Ebola na região oeste da África. Autoridades locais esforçam-se para fazer frente ao problema em países que não contam com sistemas adequados de atendimento médico-hospitalar.

Neste Comentário, um relato sobre a atual situação na África pelo médico Takuya Adachi, do Hospital Toshima, da empresa de seguro de saúde do governo metropolitano de Tóquio. Adachi é um especialista em doenças infecto-contagiosas e, por três semanas, até 27 de julho, tratou de pacientes de Ebola em um hospital de Serra Leoa.

- Qual é a situação agora em Serra Leoa?

"Tratei de pacientes de Ebola no Hospital Público de Kenema, no leste do país, perto da fronteira com a Guiné e a Libéria. Tínhamos cerca de 40 pacientes confirmadamente com Ebola em uma ala específica do estabelecimento, e havia a suspeita de que outros dez ou mais pacientes estivessem infectados. Entre os infectados, havia bebês, crianças pequenas e adultos. Aproximadamente a metade morreu. A cada dia, de cinco a dez pessoas eram hospitalizadas com a infecção. Tinha-se a impressão de que o surto teria continuidade por ao menos alguns meses. Típicos sintomas eram febre, fraqueza, dor de cabeça, vômito e diarreia. Em geral, os infectados estavam desidratados. Por isso, ministrávamos a eles fluidos intravenosos e soluções orais de rehidratação. Não existe uma cura efetiva para o vírus Ebola. Podemos apenas aliviar o sofrimento dos pacientes, de modo a ajudá-los a combater a enfermidade com maior eficácia por meio da recuperação de sua resistência corporal."

- Quais são as necessidades mais urgentes no setor?

"Duas frentes precisam de cuidados ao mesmo tempo: o atendimento contínuo dos enfermos e uma garantia da saúde de pessoas que tratam dos pacientes.

Garantir a segurança é uma necessidade premente para manter elevado o moral dos profissionais do setor. Precisamos de vários suprimentos médicos, como desinfetante de cloro, soluções orais de rehidratação, soro, diversos medicamentos e também equipamento de proteção de médicos e auxiliares, como luvas, máscaras e protetores faciais. Além disso, é necessário treinar trabalhadores para tratar dos enfermos, de um modo que possam prestar atendimento médico-hospitalar essencial sem deixar de se proteger eles próprios contra o vírus."

- Que papel pode desempenhar a comunidade internacional, inclusive o Japão?

"As nações afetadas obviamente precisam de assistência imediata da sociedade internacional. Espero que o Japão possa contribuir para o controle do surto com o envio de suprimentos e o despacho de especialistas em doenças infecto-contagiosas. Todos os especialistas do mundo devem prestar seu apoio ao combate da infecção Ebola."

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