segunda-feira, 22 de junho de 2015

Brasil perde até 70% da água tratada antes que ela chegue ao consumidor


 Brasil vive uma crise hídrica cuja tendência é se agravar nos próximos anos, pois estudos realizados pelos institutos de água, provam que as chuvas vindouras não serão suficientes para recuperar os sistemas de abastecimento. Estima-se que serão necessários até 15 anos para que eles voltem a operar normalmente.
Para mudar essa triste realidade, precisa haver um esforço conjunto entre governo e população, para implantar uma mudança cultural no país.
“Até então, a água era usada de maneira abundante, como se ela fosse um recurso que nunca acabaria, mas agora chegou a hora de repensar essa relação. Conseguir monitorar e controlar em tempo real, tudo o que acontece em cada unidade de saneamento, já é um grande passo para a preservação da água” declara Rubens Fischer, da CMA Infra, empresa especializada em monitoramento de vazão e funcionamento de bombas d´água.
O Sistema Nacional de Informação de Saneamento (SNIS) revela que, em média, 38,8% da água tratada é perdida entre a saída da estação de tratamento e a entrada nas casas. Pesquisas da Universidade de Campinas – UNICAMP, apontam que o volume perdido pode chegar a 70% em algumas cidades da região Norte do Brasil.
Para se ter ideia do tamanho do problema, o percentual de 38.8% representa cerca de 5,8 trilhões de litros de água, volume suficiente para abastecer a cidade de São Paulo por sete anos e meio. Este cálculo foi feito pelo site de notícias G1 e levou em consideração apenas a água utilizada para consumo humano.
Segundo um levantamento feito pelo IBNET (International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities), as perdas antes que a água chegue ao consumidor final incluem casos como vazamentos e ligações clandestinas. Este estudo revelou ainda que, entre 43 países citados na pesquisa, o Brasil ocupa o 20º lugar quando o assunto é perda de água tratada.
Casos comparados e prováveis soluções
O Brasil ainda está atrás de países como Vietnã (que perde 31%), México (24%), Rússia (23%) e China (22%). No topo da lista estão as ilhas Fiji, na Oceania, que desperdiça 83% da água que trata.
O menor índice de perda está na Austrália e Japão, ambos com registro de  7%. Mas o que Japão e Austrália estão fazendo de diferente do Brasil, no processo de abastecimento e distribuição de água?
Primeiro é preciso considerar que, segundo os dados revelados, a perda dessa água ocorre devido a vazamentos na rede e transbordamento de reservatórios que, por sua vez, são ocasionados pela falta de manutenção e de investimentos nos sistemas de abastecimento.
Depois de distribuída, a água se perde ainda com o mau aproveitamento, como a falta de reuso, por exemplo.
A manutenção correta do sistema de distribuição de água não é um investimento barato, mas reflete diretamente em uma conta de água mais barata para o consumidor. É um investimento de longo prazo, mas com benefícios futuros imensos.
O processo de automação precisa ter custos reduzidos e aumentar a facilidade de manutenção, o que só ocorre através de investimento em novas tecnologias. Além disso, otimizar a prestação de serviço das empresas e dar uma resposta rápida ao consumidor nas ocasiões de escoamento, é fundamental para a economia dos recursos hídricos.
Percebe-se, claramente que, se não houver esforço mútuo entre população e governos municipal, estadual e federal, com investimentos consideráveis em novas tecnologias ao mesmo tempo em que seja estimulada a conscientização efetiva da população, a crise hídrica do Brasil (e do mundo) só tende a se agravar.

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