segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Uzbeque preserva memória da detenção de japoneses pela União Soviética




Um grande número de militares japoneses foi detido pelas forças armadas da União Soviética e empregado em trabalhos forçados após o encerramento da 2ª Guerra Mundial. Muitos tiveram como destino a Sibéria. Alguns, porém, foram levados à região do atual Uzbequistão, na Ásia Central. Neste Comentário, o jornalista Seiichi Tsukagoshi, da NHK, fala sobre a atuação de um indivíduo do país que realiza um esforço para manter viva a memória daqueles acontecimentos.
“Calcula-se que nada menos de 600 mil militares japoneses tenham sido mantidos em campos de detenção por tropas soviéticas após a 2ª Guerra Mundial. Foram levados não apenas para a Sibéria, como também para outras áreas da União Soviética, como Moscou e a atual Ucrânia. Destes, em torno de 25 mil foram forçados a trabalhar na região do atual Uzbequistão. Eram utilizados em diversas obras de infraestrutura, como ferrovias e rodovias, além de ter o seu trabalho explorado em minas. O clima da região era mais ameno que na Sibéria, e as condições eram melhores de um modo geral. Acredita-se que, mesmo assim, aproximadamente 800 pessoas morreram de inanição. Trata-se de um fato histórico de amplo conhecimento do público no Japão. Entretanto, muitas pessoas no Uzbequistão têm ciência de que um teatro construído pelos japoneses não ruiu quando o país foi sacudido por um terremoto. Em razão desse fato, muita gente faz uma imagem favorável do Japão.
Jalil Sultanov, de 71 anos, que é curador de um museu sobre japoneses mantidos em detenção no Uzbequistão, desempenha o importante papel de conservar viva a memória daquela época. Além de documentos e fotografias, a instituição com sede na capital uzbeque, Tashkent, exibe um acervo composto de várias centenas de peças, como ferramentas confeccionadas pelos japoneses e utensílios utilizados por eles. Foi o próprio Sultanov que coletou as peças integrantes do acervo do museu, criado por ele 25 anos atrás.
Sultanov veio ao Japão pela primeira vez em janeiro, convidado pelo governo, que reconheceu os seus esforços. Na ocasião, visitou um museu de Maizuru, cidade da província de Kyoto. A instituição exibe documentos relacionados aos japoneses que foram detidos pelas tropas soviéticas. No museu, ele leu cartas nas quais familiares relatavam o quanto aguardavam o retorno dos detidos. Assim, descobriu no Japão o que não havia tido conhecimento no Uzbequistão, ou seja, o enorme contentamento sentido quando os detidos foram finalmente libertados. Os museus do Uzbequistão e da cidade japonesa de Maizuru fecharam acordo para que documentos relacionados com a ida forçada dos japoneses também sejam exibidos no país da Ásia Central. Jalil Sultanov expressa esperança de continuar a atuar como ponte entre as duas nações.”
Fonte: Nhk World

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