quinta-feira, 10 de março de 2016

“KAFUNSHOU” ou Polinose




Entrando em meados do mês de março, o clima no Japão já é de primavera. As cerejeiras já começaram a brotar e junto, os pólens de vários vegetais já estão voando pelos ares. Muitos pacientes têm ligado no nosso atendimento solicitando orientações sobre a polinose. O termo KAFUNSHOU, que em japonês significa polinose, já é bem conhecido e utilizado desta forma entre os brasileiros para se referir ao termo. A reação alérgica causada pelos pólens, ocorre durante o ano todo, conforme a época de reprodução de cada vegetal; no Japão a polinose mais severa é a de cedro, que se inicia no início de março (às vezes finais de fevereiro, conforme a temperatura), atinge o pico na primavera e declina aos poucos em julho.
Os sintomas pioram em dias ensolarados, dias com ventos mesmo que leves, pois os pólens são levados à longa distância, e em dias após a chuva, quando os mesmos caem maciçamente no solo e depois de secos, sobrevoam no ar.
Os principais sintomas são: espirro, coriza transparente e líquida, obstrução nasal, coceira nasal, coceira nos olhos, lacrimejamento, irritação dos olhos (vermelhidão da parte branca dos olhos), inchaço das pálpebras, irritação da garganta, tosse, dor de cabeça e às vezes febre baixa, indisposição física, falta de concentração às atividades diárias e algumas vezes, sinais de asma.
O diagnóstico é feito pela história clínica, diferenciando-se esta
alergia de outras causadas por produto químico, poeira, pelo de animais, etc. Para isso, é importante notar quando e como surge o quadro alérgico (estação do ano, saídas ao ar livre, oscilação conforme o horário do dia, etc. É realizado também o exame das narinas (rinoscopia), radiografia da face (seios nasais), exame da secreção nasal e da secreção do olho, e por fim, exame de reação subcutânea, exame de sangue (verificação de anticorpo IgE específico), exame indutor de alergia na conjuntiva ocular, entre outros.
O tratamento consiste basicamente na diminuição da reação
alérgica dos olhos e nariz, com medicamentos anti-histamínicos, bloqueadores de agentes transmissores químicos em via oral, colírio e com gotas nasais de esteroides. Deve-se tomar cuidado com os efeitos colaterais dos medicamentos, que causam sonolência e lentidão nos movimentos e raciocínio. Os trabalhadores em máquina, de linha e os motoristas devem evitar o seu uso antes dessas atividades.
Há também o tratamento imunológico, as autovacinas, porém, o
tratamento mais recente coberto por seguro de saúde é a imunização gradativa sublingual (em japonês, chama-se ZEKKA MEN-EKI RYOUHOU), com eficácia de mais de 80 % dos casos. Pinga-se (seguindo esquema de frequência) embaixo da língua, gotas de preparado diluído do pólen, com a finalidade de se dessensibilizar ao agente .
Há ainda, a cauterização a laser da mucosa nasal (anestesia local;
aplicação de laser 2 segundos em cada narina; sem necessidade de internação. Não há efeitos colaterais e não interfere na olfação). Pode acontecer a recidiva após um período.
Quanto à prevenção, deve-se impedir que os pólens grudem no seu
corpo, e evitar a entrada dos pólens para dentro de casa, assim:
– ao sair, utilizar chapéu e roupas de algodão; máscaras e óculos específicos contra polinose;
– lavar os olhos e narinas com o soro fisiológico, sempre que voltar de fora.
– evitar usar roupas de lã e tecido sintético, que aderem com facilidade os grãos de pólens;
– ao retornar para casa, abanar todo o corpo, principalmente os cabelos, as vestes e os pertences antes de entrar;
– manter as portas e janelas fechadas;
– circular o ar com o purificador de ambiente e não estender roupas para secar fora de casa;
– utilizar o umidificador na entrada da casa e no cômodo de maior concentração dos familiares e aspirar a casa com frequência

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